quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um trem, várias estações.

Às vezes eu penso na vida como um trem correndo nos trilhos. O maquinista? O Destino, é claro. Ele conduz o trem e seus passageiros por diferentes caminhos. Tem horas em que a viagem é tranquila e a paisagem é linda, mas tem horas em que tudo é cinza e nublado e o trem balança tanto que parece que vai desmontar. Há todo momento pessoas sobem e descem e o lugar ao nosso lado de repente fica vago para, logo em seguida, ser ocupado por alguém diferente. Nós mesmos levantamos e trocamos de lugar - às vezes até de vagão, mas o fato é que a viagem nunca para, nunca termina, porque sempre haverá um novo trem, com um novo destino, em uma próxima estação.


Bom, o meu trem não tem parado mesmo. São tantas as paisagens que tenho visto ultimamente, são tantas as pessoas que vêm sentar ao meu lado e são tantas as mudanças de vagão que eu quase não tive tempo para voltar a falar dessa minha viagem. Mas voltei, voltei porque senti o quanto estou devendo assuntos aqui como, por exemplo, a visita de minha mãe ao meu vagão e como isso me deixou surpreso - e tenso - ao longo daquela semana.

Eu sei que eu deveria ter ficado feliz com a chegada de minha mãe, e de fato fiquei. Mas eu tinha me esquecido de como é viver com ela, quero dizer, depois de oito meses distante você acaba esquecendo como é viver com alguém perguntando se você tem lavado atrás das orelhas, se está precisando cuecas e meias novas, se está escovando os dentes e se está lavando direito o... bem, a questão é que viver isso outra vez pode ser aterrorizante, sufocante, sim, mas é também maravilhoso e faz com que minha existência se complete com a certeza de que pelo menos uma pessoa nesse mundo me ama no modo incomensurável e essa é a maior dádiva que a vida (seja ela imortal ou não) pode nos oferecer!




Quando estou com ela, em alguns momentos, eu tenho vontade de descer do trem. Não é que ela me cause essa sensação, não mesmo! Acho que é minha agonia é saber o quanto ela me ama, o quanto está disposta a suportar o peso do mundo só pra me ver feliz e/ou pra não me ver sofrer, e eu me sinto insuficiente diante de tudo isso. Mas eu a amo, muito, bem além da minha capacidade e acho engraçado como ela tem o dom de ver em mim aquilo que nem eu mesmo consigo enxergar. Me sinto um monstro por não me empenhar em retribuir tudo aquilo que ela faz por mim. Embora, às vezes, eu não consiga entender a sua maneira de me amar, sei que isso é uma das coisas que torna a minha vida especial, sei que é isso que faz o meu sol brilhar todos os dias e sei que é isso me mantêm protegido, não importa aonde eu vá. E, por isso, sou grato, sou feliz!







E mais uma vez, eu e minha mãe nos separamos. Ela voltou para o vagão dela - onde eu já estive, por mais de uma vez, e agora, ambos seguimos viagens rumo à estações desconhecidas e nosso destino, ainda que pré-determinado em nossos tickets, não está isento de paradas, surpresas e, claro, alterações. Eu não sei dizer se agora eu estou mais consciente em minha poltrona ou se ela ainda é leve e confortável demais para que eu me dê conta da realidade. Eu só sei que a cada momento eu me sinto mais perto do meu destino - não o final, mas o que com certeza vai fazer com que eu mude de vagão outra vez.

Por enquanto eu sigo neste aqui. La fora, às vezes chove, às vezes faz sol e, aqui dentro, as pessoas com quem já me habituei fazem com que eu me sinta em casa. Não sei como vou sobreviver sem elas, mais tarde, e às vezes, quando olho pro meu ticket, vejo que minha próxima parada ainda não foi determinada e isso me deixa nervoso, ansioso. Eu gosto deste vagão, gosto de como ele parece se ajustar à minha pessoa e como tudo nele vai se tornando familiar pra mim. Eu detestaria ter que descer agora, ou passar para outro vagão, mesmo sabendo que novos destinos são sinônimos de novas aprendizagens, novas histórias e novas companhias - e talvez, em outro vagão, eu finalmente encontre aquilo que venho procurando há tempo. Afinal, que outro sentido tem a viagem senão nos permitir buscar no mundo, aquilo que na verdade já existe em nós mesmos?

Grande abraço e até a próxima. ;]

Um comentário:

  1. Amei sua postagem, como você escreve bem, e este texto se parece muito com meu jeito de escrever, quando crio um texto poético, sabe! Ah, dei um jeito de vor no seu blog, mesmo sem tempo para postar algo no meu, e como tenho coisa pra contar lá, porque vc se tornou uma pessoa especial em minha vida, por favor leia a resposta do seu comentário no meu blog, comentei lá, espero que vc goste. Obrigada pela amizade e por vc ser assim tão maravilhoso. Bjs!

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